quinta-feira, 26 de julho de 2007

Deal! \o/

terça-feira, 24 de julho de 2007

O pensamento voa, agarre logo ele...

estava eu vendo meu e-mail qd derrepente vi mais um e-mail de uma pessoa que só manda spams...
nao sei porque, mas resolvi ler o e-mail, era só mais uma piadinha cretina, (será ?)


UM CHINÊS ENTRA NUM BAR DA MODA EM NEW YORK, QUANDO VÊ O STEVEN SPIELBERG E PENSA:

- GOSTARIA DE CONHECÊ-LO.

SPIELBERG, AO PASSAR POR ELE, DÁ-LHE UMA PORRADA DAQUELAS NA CARA, QUE FAZ MELECAR O NARIZ.

- HEI, POR QUE VOCÊ FEZ ISSO?? - pergunta o chinês.

- VOCÊS, JAPONESES, MATARAM O MEU AVÔ QUANDO BOMBARDEARAM PEARL HARBOR!

- MAS EU NÃO SOU JAPONÊS, SOU CHINÊS, PORRA!!!

- CHINESES, TAILANDESES, JAPONESES...PARA MIM É TUDO A MESMA MERDA!!!

SPIELBERG VAI SE SENTAR, QUANDO O CHINÊS CHEGA POR TRÁS DELE E ENFIA-LHE UM TAPAÇO NA ORELHA, DAQUELES DE FAZER O CARA FICAR TONTO NA CADEIRA...

- ENTÃO? PARA QUE ISSO, SEU LOUCO? - pergunta Spielberg

- IMBECIL, IDIOTA!!! MINHA AVÓ ESTAVA NO TITANIC, SEU FILHO DA PUTA!!!

- MAS NÃO FUI EU QUE AFUNDEI A MERDA DO TITANIC, PORRA!!!! FOI UM ICEBERG!!!

- ICEBERG, GUTENBERG, SPIELBERG...PRA MIM, É TUDO A MESMA MERDA!!!!!

caralho... (pensei assim que acabei de ler a piadinha)
na hora lembrei de uns textos de wittgenstein sobre a filosofia da linguagem...
era umas coisas muito loucas me faziam pensar sobre a comunicação, simbolos, logica, girias, de como utilizar 'o pode da palavra' e tal..., entao a minha cabeça começou a ficar confusa e então nao consegui escrever direito o que eu estava pensado na hora que resolvi escrever este post

huahuahuhauhuahauhhahauhauha, sorry...

ps.: pelo menos escrevi a piada =)

segunda-feira, 23 de julho de 2007

I Love Lucy

Como se não bastasse precisar ser boa profissional (matar um leão por dia, ler livros, fazer cursos, adivinhar condições de ambientes, participar de grupos de discussão), limpar a casa (tirar pó, varrer, passar pano, lavar quintal, fogão, louças, panelas, fazer degelo, jogar o lixo...ugh!), lavar e passar roupas (cama, mesa, banho, claras, escuras, delicadas, pesadas...), cuidar do Ozzy (banho, areia, comida, brinquedos e água fresca), pagar contas, cozinhar, matar baratas, trocar gás, ir ao dentista, fisioterapia, consertar coisas, fazer compras, hidratar os cabelos, fazer as unhas, limpeza de pele, depilar, malhar na academia (porque além de ser competente tem que ser bonita também) tenho um casamento para ir. Procurei um site para relembrar como fazer uma “básica” sombra nos olhos.

Vejam como é simples:

Maquiagem dos olhos

Conhecer exatamente o formato dos olhos é um passo imprescindível para o sucesso do seu make-up. Por isso, não custa nada perder alguns minutos na frente do espelho antes de se maquiar. Analise-os atentamente, sem desprezar nenhum detalhe.
Conheça algumas dicas de maquiagem para os olhos.

Olhos Juntos
Opte por tons claros e pastéis para iluminar a expressão. Dê um toque cintilante à região próxima ao nariz, imediatamente no início do canal lacrimal, para a impressão de afastá-los.

Olhos Afastados
Um leve esfumaçado de um tom mais escuro, como o marrom ou o verde-musgo, no canto interno, cria a ilusão de aproximá-los. Mas, ao esfumaçar, cuidado para não tornar a fisionomia pesada.

Olhos Saltados
Esfumace a região da pálpebra sobre o globo ocular com uma sombra opaca escura, como marrom ou ferrugem. Arrisque, ainda, um toque de preto à noite. Inicie com um esfumaçado escuro na raiz dos cílios, indo até a dobra do olho, fazendo um degradê suave e uniforme. Isso faz com que pareçam mais fundos e menores.

Olhos Fundos
Cores claras, como branco, bege, areia e marfim, elevam a expressão e dão um ar de elegância. Devem ser aplicadas em toda a área móvel, da linha de transferência até a raiz dos cílios. Já na área rente às sobrancelhas, use sombras de tons médios, como rosa, salmão ou coral.

Olhos Caídos
Tons nacarados, cintilantes, dourados e cobres levantam a fisionomia e conferem um ar de felicidade. No canto externo, faça um suave movimento ascendente com sombra grafite ou preta. O curvex também é um aliado de peso.

Melhorando o acabamento nos olhos
- Você pode passar também no canto externo dos olhos, esfumaçando com a ajuda de um pincel. - Use um tom bege junto à sobrancelha. Esta técnica proporciona um acabamento a maquiagem.

Como passar sombra
A forma certa de usar a sombra é passá-la na dobra do olho. Você mesma pode passar com a ajuda de um espelho e os olhos abertos, passe a sombra com um pincel bem na dobra dos olhos, entre os cílios e a sobrancelha.

Aplicação de sombras
Sombra. Para não errar, aplique aos poucos e vá esfumando devagar até chegar a intensidade desejada.

Cor de sombra para qualquer hora
O marrom é uma cor que combina tanto com o dia quanto com a noite. Além de combinar com todos os tipos de pele.

Disfarce as olheiras
Para disfarçar as olheiras, use um corretivo mais claro que o tom da sua pele.

Dê mais profundidade às pálpebras
As sombras de tonalidades escuras dão profundidade às pálpebras inchadas e diminuem olhos grandes ou salientes.

Olhos mais discretos
Durante o dia a maquilagem dos olhos é mais discreta, principalmente em relação às sombras, que devem ser aplicadas com ênfase nos cantos externos.

Olhos muito próximos
As sombras de tonalidades claras ajudam a separar olhos muito próximos, suavizam a profundidade dos olhos fundos e aumentam pálpebras pequenas.



Não quero montar um foguete! Só quero pintar os olhos!

O primeiro que disser que ser mulher é fácil vai aprender a fazer sombra comigo. Isso porque nem falamos sobre olheiras...

domingo, 22 de julho de 2007

Sem Vergonha!

Deu hoje, na Folha, na coluna semanal de Rubens Ricupero (acessível em http://www1.folha.uol.com.br/fsp/dinheiro/fi2207200707.htm):

NÃO TEM nem nunca terá conserto ou decência, vergonha ou governo. É perturbadora, 31 anos depois, a impressão de que os versos terríveis de Chico Buarque não envelheceram e continuam a descrever a realidade atual.
Quem não tinha conserto na data da música, em 1976, era a ditadura. Mas essa acabou há mais de uma geração. (...) Pode-se afirmar, porém, que o regime que tomou o lugar da ditadura tem decência, vergonha ou juízo? (...)


Palavras interessantes para alguém que, quando Ministro da Fazenda do governo Itamar Franco (substituiu FHC, que saiu para se eleger), disse em conversa informal antes de entrevista na Rede Globo:

http://jornal.valeparaibano.com.br/2003/05/24/nac/caso.html
No dia 1º de setembro de 1994, o então ministro da Fazenda do governo Itamar Franco, Rubens Ricupero, teve sua conversa com o jornalista Carlos Monforte captada por telespectadores com antenas parabólicas antes de a entrevista à TV Globo ir ao ar. Ele afirmou: "Eu não tenho escrúpulos. O que é bom a gente fatura; o que é ruim, esconde".

Como minha avó já dizia, o roto falando do esfarrapado...

sexta-feira, 20 de julho de 2007

tá ruim, mas tá bom

A espada mágica de Freyr


Freyr era um deus da raça dos Vanir, contraposta a dos primitivos Aesir, dos quais o poderoso Odin era o líder. Desde sempre, os aesires haviam relutado em admitir a companhia dos vanires, considerados por eles como "deuses inferiores". Durante muitas eras, estas duas clas­ses de deuses guerrearam entre si, até que se firmou um tratado de paz. Houve, então, uma troca de reféns, na qual coube aos vanires remeter aos antigos adversários três de suas divindades: Freyr, deus da fertilidade; sua irmã Freya; deusa do amor; e Niord, pai de ambos e deus do mar.

Estas três divindades foram muito bem recebidas em Asgard e, desde então, ali se estabeleceram amigavelmente.

Freyr sempre teve sua imagem associada a três prodígios oriundos das mãos de operosos anões: o javali Guillinbursti, que possuía cerdas douradas; o navio Skidbladnir, que além de navegar, era capaz também de voar e ainda podia ser dobrado e colocado dentro do bolso do deus, como um lenço. Mas, de todos os prodígios associados à fama de Freyr, nenhum foi mais admirado - e justamente temido - do que a sua espada milagrosa. Esta arma maravilhosa tinha o dom de destruir sozinha os inimigos de seu dono.

Freyr achava-se sentado sobre Hlidskialf, o trono mágico de Odin, de onde podia avistar todo o universo. Aproveitando a ausência do mais poderoso dos deuses, ele contemplava, dali, a vastidão dos nove mundos, desde as profundezas de Niflheim até os confins gelados de Jotunheim, a terra dos gigantes. Ali, deteve seu olhar durante longo tempo, até que a certa altura avistou uma linda jovem com sua longa cabeleira dourada a esvoaçar sob o vento gélido que descia das montanhas encapuzadas pela neve.

- Justos céus! - exclamou ele, maravilhado. - Quem é esta beldade?

Freyr ficou possuído por um desejo incontrolável pela bela criatura e, desde então, perdeu o sossego a ponto de não conseguir mais dormir.

- O que está havendo, que anda tão abatido? - disse-lhe um dia Skirnir, seu fiel servidor. - Faz dias que não come e mal bebe o seu hidromel! Anda o dia inteiro de um lado a outro, sinal de que está às voltas com um grande problema.

- E, realmente, estou!... - disse Freyr, feliz por encontrar alguém para desabafar. - Ah, Skirnir, desde que pus os olhos no longínquo reino dos gigantes e vi lá uma bela jovem a passear pêlos campos gelados, perdi o sossego! E o pior de tudo é que não sei quem ela é nem o que hei de fazer para conquistá-la...

Skirnir ficou observando o estado lamentável em que seu senhor se encontrava, e, pelo tom pálido de suas faces, pôde comprovar, que, realmente, ele estava perdidamente apaixonado.

- Skirnir, preciso de um grande favor seu! - disse Freyr, em desespero.

O criado sentiu que estava prestes a arrumar uma bela encrenca.

- Quero que vá até Jotunheim e descubra quem é aquela adorável jovem!

Skirnir ficou mais pálido do que o próprio deus. Afinal, ter que enfrentar uma viagem por terras inóspitas e fazer frente ao provável ataque de uma legião de gigantes não era uma perspectiva nada agradável.

Freyr, percebendo o receio que se desenhava no rosto do servidor, fez-lhe, então, uma oferta intempestiva:

- Emprestarei a você, fiel Skirnir, o meu maior bem: a minha valiosa espada!

"A espada mágica de Freyr...!", pensou o servo, sem poder acreditar. Num instante, os seus receios evaporaram.

- Está bem, eu irei! - disse ele, quase eufórico.

Freyr, no entanto, sentia que acabara de cometer uma terrível imprudência. "Separar-se de sua espada mágica?", dizia num tom de censura uma voz dentro de si. Ele nunca fizera isto antes, e aquela mesma voz interior parecia lhe dizer que, se o fizesse, nunca mais tornaria a vê-la. Mas, afinal, o seu desejo pela jovem venceu a sua reticência e ele autorizou a partida de seu criado.

- Vá em frente e me traga de qualquer jeito a jovem!

- Deixa comigo! - disse Skirnir, que já se sentia feliz por poder dar início àquela que, sem dúvida, seria a maior de suas aventuras.

Skirnir partiu para sua longa viagem, sentindo-se orgulhoso como um deus. Durante longos dias e noites, cavalgou pelas vastidões dos nove mundos, escutando com infinito deleite a espada retinir de encontro ao estribo, até que a paisagem começou a se tomar verdadeiramente gélida e sombria. Sobre a sua cabeça, massas imensas de nuvens escuras e carrancudas faziam cair alternadamente torrentes de uma chuva gelada ou de uma neve pesada como chumaços compactos de algodão. Com o capuz puxado até o nariz e o vermelho manto enrolado duas vezes sobre si, Skirnir substituiu a cavalgada ágil de seu cavalo por um trote cauteloso ao se aproximar da temível morada dos gigantes.

Após fazer algumas investigações, descobriu que a jovem se chamava Gerda e que morava no castelo de seu pai Gymir. Skirnir dirigiu para lá o seu cavalo, sem nunca, entretanto, descuidar da cautela. Tão logo foi se aproximando, descobriu que motivos para tanto realmente não faltavam, pois o castelo onde a jovem morava estava cercado por um muro feito de labaredas gigantescas.

"E esta, agora...!", pensou Skirnir, puxando as rédeas do cavalo, que escarvava impacientemente a neve, disposto a se arremessar de qualquer jeito sobre o terrível anel de chamas.

- É isto mesmo o que você quer? - disse Skirnir, colando a boca à orelha do cavalo.

O animal, como se tivesse entendido perfeitamente as palavras do cavaleiro, confirmou duas vezes com a cabeça, fazendo com que a neve acumulada em suas crinas se desprendesse numa pequena chuva alva. Logo em seguida fez uma meia volta e retornou num ágil galope. Skirnir afrouxou as rédeas o mais que pôde e agarrado ao pescoço do animal atravessou destemidamente as labaredas. Mas, graças ao galope velocíssimo, ambos chegaram praticamente incólumes do outro lado, apenas com alguns ligeiros chamuscos na crina do cavalo e no manto de Skirnir, tendo agora à sua frente as torres do castelo de Gymir.

Entretanto, sequer tiveram tempo de se recuperar do primeiro desafio, quando viram surgir em sua direção enormes cães cinzentos, que mais se assemelhavam a gigantescos lobos; suas goelas escancaradas ladravam de maneira ensurdecedora.

A matilha cercou o cavalo de Skirnir e foi, então, que o jovem aventureiro pôde conhecer pela primeira vez as virtudes da espada mágica, pois bastou que ele desse o grito de ataque para que ela, sozinha, saltasse da sua bainha prateada e fosse esgrimir contra os ferozes cães. Num instante, estavam todos os animais caídos sob a neve, com seus ventres abertos e palpitantes a fumegar sob o vento gélido da manhã.

É claro que esta algazarra toda acabou por despertar a atenção de Gerda, a filha de Gymir. Correndo até a janela de seu quarto, ela avistou aquele cavaleiro montado no centro de um círculo de cães mortos, cujo sangue tingia o tapete branco da neve.

- O que quer aqui, forasteiro? - disse ela, alarmada. - Fale ou um exército inteiro desabará sobre você!

Um silêncio cortado apenas pelo vento assobiante, que passava por entre os galhos secos das árvores despidas, tomou a situação ainda mais desconfortável.

- O que está esperando? - gritou ela, lá de cima. - Diga, logo, da parte de quem você vem ou desapareça de uma vez!

Skirnir viu apenas a cabeça dourada dela mexer-se lá no alto, por entre os flocos de neve que caíam. Sua voz chegou apenas um pouco depois, entrecortada pelo vento. Mas, ainda assim, ele pôde compreender o sentido de suas palavras.

- Freyr, o nobre deus, deseja lhe fazer um pedido! - gritou Skirnir.

A donzela esteve algum tempo indecisa, mas, finalmente, deu ordem para que abrissem os portões do castelo.

Skirnir adentrou os imensos corredores do palácio de Gymir. Apesar de verdadeiras fogueiras estarem acesas noite e dia nas diversas lareiras do salão principal, observou que, ainda assim, diversos estalactites pendiam, ameaçadoramente, do teto, como transparentes espadas de gelo. Depois de subir os degraus de uma escada que parecia nunca mais acabar, Skirnir viu-se diante da porta do quarto.

- Entre, mensageiro - disse uma voz delicada, muito diferente daquela que escutara aos berros sob o chicote do vento.

Skirnir adentrou a grande peça. Gerda, apesar de estar vestida num elegante manto de peles, parecia, no entanto, tê-lo feito um pouco às pressas, pois uma das pontas da gola estava torcida para dentro. Seus cabelos dourados, verdadeiramente belos e impressionantes, também pareciam algo despenteados e tinham grudados em si alguns flocos ainda endurecidos de neve.

- Por favor, esteja à vontade e diga, logo, que recado traz de seu senhor -disse Gerda, dando as costas a Skirnir e indo se sentar um tanto afastada, num assento comprido e forrado de peles escuras.

- Serei breve, princesa - disse Skirnir, entrando logo no assunto. - Meu senhor quer tê-la como esposa e pede que considere esta possibilidade.

A princesa arregalou seus olhos azuis e deixou escapar um pedaço de voz sem qualquer nexo, senão o de que traduzia o seu espanto.

- Casar-se comigo ? - indagou, com um sorriso de estupor. - Meu bom criado, não sei se está ao par do fato de que seu senhor matou meu irmão em uma rixa, há muitos anos.

Skirnir foi pego de surpresa. Um ligeiro tremor sacudiu as suas pestanas, mas ele estava tão distante da princesa que ela, certamente, não deve tê-lo percebido.

- Minha senhora - disse ele, outra vez, completamente seguro de si. -Meu senhor, certamente, há de lamentar esta infausta coincidência, mas observe o fato de que ele jamais o teria feito se, naquela época, já a conhecesse.

A princesa baixou ligeiramente os olhos, como se o argumento a tivesse desarmado. Skirnir sorriu interiormente do seu primeiro triunfo.

Gerda, por sua vez, sentindo que subterfúgios não dariam resultado, resolveu ser franca e direta, à boa e velha maneira dos gigantes:

- Meu amigo, sirva-se de uma taça de hidromel, que aí está a seu lado, pois a viagem deve ter sido muito cansativa.

Mas, antes que Skirnir pudesse fazer o que ela sugeriu, Gerda arrematou:

- Depois que tiver saciado sua sede, pode retomar ao seu senhor e lhe comunicar a minha negativa.

Skirnir, pego outra vez de surpresa - pois não esperava um enfrentamento tão cedo, - ergueu-se com seus pertences e se dirigiu até a princesa, num passo respeitoso, porém decidido.

- Vem apresentar-me suas despedidas, sem sequer provar da bebida? -disse ela, como que adivinhando que ele tentaria outro expediente.

- Não, adorável princesa, venho mostrar-lhe, apenas, os presentes que meu amo lhe manda.

Sem esperar por outra recusa, Skirnir estendeu à princesa as riquezas, que fariam a inveja de qualquer outra no mundo: seis maçãs escarlates, colhidas dos perfumados jardins de Idun, a deusa da juventude, brilharam diante dos olhos azuis de Gerda. Antes que ela pudesse dizer qualquer coisa, Skirnir estendeu-lhe também Draupnir, o anel mágico de Odin.

Gerda, apesar de realmente impressionada com os presentes, ainda assim, teve firmeza bastante para recusar, categoricamente, qualquer compromisso.

- São belos presentes, admito, mas minha resposta é não. Por favor, não insista com este assunto, não me obrigue a despedi-lo com palavras que fugiriam à cortesia que devo a um visitante.

Skirnir, perdendo de vez a paciência, resolveu mudar de tática e adotar outra bem mais agressiva.

- Minha senhora - disse o mensageiro, com o semblante carregado -, a sua impertinência e teimosia obrigam-me a empregar outro expediente.
Skirnir sacou sua espada lentamente e o ruído rascante do metal a deslizar pela bainha de prata ecoou pelas paredes do aposento. Depois, mostrou-a à princesa, com um ar bem diferente do anterior.

- Está vendo esta espada, jovem dama? - disse o mensageiro. - Ela pertence a meu senhor Freyr e não está acostumada a recusas ou desfeitas. Já cortou, posso lhe assegurar, a cabeça de mais de um gigante atrevido.

- Otimo! - disse a princesa, sem se intimidar. - Esperemos a chegada de meu pai e de seus exércitos para que teste, novamente, o gume de sua espada!

Skirnir, mandando às favas o resto de fidalguia, decidiu fazer uso, então, de seu último argumento - o qual, na verdade, não passava de uma ameaça. Das profundezas de seu manto retirou uma varinha mágica, que Odin lhe dera, repleta de maldições inscritas em caracteres rúnicos.

- Seu eu fizer uso desta varinha, arrogante princesa, seu futuro será tão negro quanto é branca a neve que recobre todos os campos deste país amaldiçoado! - disse Skirnir, avançando para Gerda, que, pela primeira vez, sentiu o medo agitar suas entranhas. - A luxúria percorrerá cada membro de seu corpo, mas homem algum desejará se aproximar de você. Seu fim será a mais negra solidão! A fome corroerá os seus ossos, mas todo alimento que puser na boca, terá o gosto da água do mar. E, de desgraça em desgraça, chegará a se transformar na mais repulsiva das feiticeiras, expulsa até mesmo das regiões sombrias de Hel!

Gerda, intimidada, resolveu, finalmente, ceder à proposta de Freyr.

- Está bem, perverso mensageiro... - disse ela, erguendo os olhos num resto de dignidade. - Diga a seu senhor que me aguarde daqui a nove noites no bosque de Barri.

- Estou feliz ao ver que a razão retorna ao seu convívio, amável princesa - disse Skirnir, sem uma única nota de ironia na voz.

Skirnir despediu-se e já retomava, quando cruzou com uma patrulha adiantada dos gigantes guerreiros de Gymir, que retornavam um pouco à frente do rei. Sem indagar nada, eles foram logo sacando suas espadas e investindo contra o servo de Freyr, o qual ordenou de imediato à sua arma que desse combate aos agressores, A espada cumpriu mais uma vez, brilhantemente, o seu papel.

Infelizmente, uma funesta surpresa aguardava o pobre Skirnir, pois, mesmo após terminada a breve escaramuça - na qual pereceram todos os gigantes -, a espada não retornou para a sua bainha. Skirnir, lançando o cavalo em todas as direções chamou por ela durante o resto do dia, porém sem sucesso: a espada de Freyr havia desaparecido para sempre!

- Justos céus! - exclamou o mensageiro. - E, agora, o que será de mim, quando chegar ao palácio de meu senhor sem sua espada?

Durante todo o longo trajeto de retomo, ele teve um peso indescritível na alma. Quem sabe a espada, cansada de defender alguém que não o seu legítimo dono, resolvera fugir em busca de Freyr, pensava Skirnir, com um fiapo de esperança. Mas quando finalmente chegou em casa para dar as boas novas do noivado, teve a desagradável surpresa de não a encontrar com seu antigo dono.

Felizmente, o mensageiro não levara em conta também o fato de que a alegria que levava era muito superior à tristeza que tinha a esconder, de modo que a reprimenda que teve de escutar de seu amo não foi, afinal, nem a décima parte do que esperava. Freyr preferiu deter-se na condição imposta por Gerda, que lhe parecia mais amarga que qualquer outro infortúnio.

- Uma noite já é bem longa; duas, mais longas ainda. Mas, como poderei suportar nove infinitas noites ?

O tempo passou, afinal, e, no dia aprazado, lá estava a bela Gerda a esperar por ele, no campo repleto de trigo, com seus cabelos dourados a se confundir com os delgados talos dos cereais. "Embora, hoje, não haja o vento a esvoaçar seu cabelo, mesmo assim, ouso dizer que está ainda mais bela e delicada do que naquele primeiro dia em que a avistei!", pensou Freyr, ao se aproximar, apaixonadamente, da jovem.

Freyr e Gerda foram muito felizes, embora, em algumas noites, ele tivesse sonhos magníficos com sua poderosa espada, que o tornara um dia invencível. Quando acordava, porém, suas mãos tocavam a pele macia da esposa a dormir, calmamente, ao seu lado. Então, Freyr sentia seu coração povoar-se de um misto de tristeza e alegria.


fonte: ISBN 85-742-1103-6

terça-feira, 17 de julho de 2007

Acidente?

Depois das notícias do acidente em Congonhas, comecei a assistir à CNN. Não deu outra, também era destaque lá. O curioso é que o enfoque da transmissão era outro: a perplexidade dos americanos em verem um aeroporto (definido como "small facility") no meio da cidade (com direito a mapa by Google Earth). Quando será que esta discussão será levantada por aqui?

segunda-feira, 16 de julho de 2007

Cenas da vida real...

quinta-feira, 5 de julho de 2007

Há 10 tipos de pessoas no mundo

As que conhecem binário e as que não conhecem


Algum tempo atrás eu escrevi sobre arquétipos e acho mesmo que todas as séries de sucesso dão certo porque criam personagens de vários tipos diferentes. A fórmula é certa. Com algum personagem o expectador vai se identificar e automaticamente vai começar a gostar do seriado. Isso acontece com Friends, Sex & the City, Seinfeld, Lost...


Hoje eu tive meu dia de Chandler Bing. Esse personagem irônico da série Friends tem uma vida complicada: os pais são separados. Isso porque o pai virou uma drag queen. A mãe é sexóloga e escreve livros de auto-ajuda. Isso sem contar a ex-namorada de voz nasalada, a Janice (Oh...my...God!). Até viajou pro Iêmen pra se livrar dela. Ok... Minha vida não é tão ruim assim. O que importa é que ninguém sabe a profissão dele. Nem os melhores amigos. A essa altura já se imagina qual seja...

Pois é. Hoje à tarde eu estava verificando a consistência de um relatório com bug (nome bonitinho para um defeito) e achei deprimente. Cadê aquele glamour que os computadores tinham nos anos 80? Talvez essa reflexão tenha coincidido com o fato de eu não estar muito feliz onde trabalho ou com o fato de voltar a estudar. Pode ser porque faz dez anos que eu trabalho com isso... pelo menos cinco anos na área de testes. É uma área bem mais nova do que a computação e consequentemente menos reconhecida. Acho que o curso vai fazer com que eu me questione cada vez mais. Não devia ter lido aquele livro do Jack Welch... Ignorance is bliss.

segunda-feira, 2 de julho de 2007

Como trabalhar para um idiota?

Esse blog nasceu justo no momento que eu achei que tinha o pior chefe da minha vida. Eu estava enganada. Passei por chefes piores e devo estar com o pior de todos agora. É o tipo bem intencionado que só faz merda... Um ano e meio fazendo merda. Uma atrás da outra e não há quem faça ele entender que não tem a mínima vocação pra coisa. Eu sinceramente preferia meus chefes que eram declaradamente fdps. Desses eu sabia me defender. Sábado ele me ligou e eu fiquei sem reação. Só fui pensar em uma reação quando não cabia mais fazer nada. Às vezes eu me odeio. Congelo quando fico indignada.

Resposta real

Chefe liga às 12:34. Não ouvi.

Retornei a ligação às 12:59.

Ele atende: - Ah, eu queria o telefone de Fulano, mas já não precisa mais. Eu consegui.

Eu: - Não tenho mesmo o tel dele e estou fora de casa.

Ele: - É que eu estava com certa pressa. Aconteceu um imprevisto.

Eu: - O que houve?

Ele: - Ah... meu avô morreu.

Eu: - Oh (estilo Winnie Cooper).

Ele: - Eu só queria avisar Fulano que não comprarei os coletes pra Gincana de Bugs.

Eu: - Mas vc está bem? (bobinha...)

Ele: - Ah, sim! Todo mundo já meio que esperava. Faz tempo que ele estava doente.

Eu: - Ok.

Desliguei. Pasma.

Resposta ideal

Chefe liga as 12:34. Eu atendo.

Ele: - Ah, eu queria o telefone de Fulano.

Eu: - Não tenho mesmo o tel dele e estou fora de casa.

Ele: - Ah, é que aconteceu um imprevisto.

Eu: - O que houve?

Ele: - Ah... meu avô morreu.

Eu: - Oh, meus pêsames.

Ele: - Eu só queria avisar Fulano que não comprarei os coletes pra Gincana de Bugs.

Eu: - Esquece os coletes. Esse é o menor dos seus problemas. Além disso, ninguém gostaria de usar coletes ridículos mesmo. Vai cuidar da sua família. Vc está bem?

Ele: - Ah, sim! Obrigado por ter se preocupado. Tem razão. Fodam-se os coletes.


Até alguém sincero como eu às vezes não consegue dizer o que pensa o tempo todo. Dizem que alguém verdadeiro não é o que diz tudo o que pensa, mas o que pensa tudo o que diz. Provavelmente isso é verdade e eu me desgasto à toa.


Hoje ele foi ao ballet, com a noiva.