sexta-feira, 29 de junho de 2007

Coincidências

Muito estranho isso... Na mesma semana em que decido postar aqui, onde não passava há tempos, vejo que a Gwen também tomou a mesma decisão. Mistérios...

Mas vi este texto na Folha de hoje e achei que deveria postá-lo.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz2906200704.htm

ELIANE CANTANHÊDE

"Um cara desses"

BRASÍLIA - Quando os filhos são pequenos, chutam a canela da empregada, e os pais acham "natural", fingem que não vêem. Já maiores um pouco, comem o que querem, na hora em que querem, não falam nem bom-dia para o porteiro e desrespeitam a professora. Na adolescência, vão para o colégio mais caro, para o judô, para a natação, para o inglês e gastam o resto do tempo na praia e na internet. Resolvido.
Dos pais, ouvem sempre a mesma ladainha: o governo não presta, os políticos são todos ladrões, o mundo está cheio de vagabundos e vagabundas. "E quero os meus direitos!" Recolher o INSS da empregada, que é bom, não precisa.
É assim que os filhos, já adultos, saudáveis, em universidades, são capazes de jogar álcool e fósforo aceso num índio, pensando que era "só um mendigo", ou de espancar cruel e covardemente uma moça num ponto de ônibus, achando que era "só uma prostituta".
A perplexidade dos pais não é com a monstruosidade, mas com o fato de que seu anjinho está sujeito -em tese- às leis e às prisões como qualquer pessoa: "Prender, botar preso junto com outros bandidos?
Essas pessoas que têm estudo, que têm caráter, junto com uns caras desses?", indignou-se Ludovico Ramalho Bruno, pai de Rubens, 19.
Dá para apostar que ele votou contra o desarmamento, quer (no mínimo) "descer o pau em tudo quanto é bandido" e defende a redução da maioridade penal. Cadeia não é para o filho, que tem estudo e dinheiro, um futuro pela frente. É para o garoto do morro, pobre e magricela, que conseguir escapar dos tiroteios e roubar o tênis do filho.
Isso se resolve com o Estado sendo Estado, com justiça, humanidade e educação -não só com ensino para todos e professores mais bem treinados e mais bem pagos, mas também com a elementar compreensão de que "o problema", e os réus, não são os pobres. Ao contrário, eles são as grandes vítimas.

1 Comentários:

Blogger Gwen disse...

Eu estava sentindo falta do blog. Abri várias vezes a página. O que falta é insporiração ou disposição pra escrever.
Tb pensei em escrever pra vc a semana toda... acho que meus poderes Jedi estão evoluindo :P
Depois te escrevo um e-mail contando as novidades.

30 junho, 2007 09:59  

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